terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Meu nariz sangrava.

Eu sentia o sangue escorrer até a minha boca, em meio termo juntava-se com as lágrimas que fugiam dos meus olhos. Meus dedos estavam ralados, um a um. Senti o vento assanhar meu cabelo, com tanta força que por um momento pensei que estava a me castigar, pelo crime que cometi. A luz do poste me cegava cada vez que eu levantava os meus olhos, me obrigando assim a permanecer com eles fechados, semi-abertos por fim. Sobre os pelos do meu braço, eu sentia as formigas me escalando, fazendo obstáculos até o meu ombro. Minha boca estava roxa, a fumaça me fazia escapar do que me afrontou.

Ouvi de longe alguém gritando o meu nome, não medi esforços e avistei, o que desejei por cada noite, o que desejei três vezes em cada sonho, lá estava. A razão pela qual caminhei sozinha todo esse tempo, meu corpo pedia por redenção. Meu corpo pedia pela parte que me faltava, senti minhas pernas se curvando enquanto corria, mas nada me fazia parar. Teus olhos pediam, imploravam para que nos encaixássemos, e num abraço frigido, você voltou. O arrepio todo meu corpo, eu estava em casa. Mesmo depois e toda a luta, estava me acostumando ficar sem a alma que ocupava parte de mim, mas eu venci.

Enchi o peito com o novo ar que me rodeava,

os ferimentos - como mágica, foram sumindo de um a um, o sangue que antes estava espalhado por todo o meu rosto, até escorria em direção aos meus seios, estava exalando. A fumaça que morava em meu pulmão foi expulsa em uma só respiração - não durou 5 segundos, mas aqui fora pareceu uma eternidade.

Enfim, liberdade.

Hélida Carvalho.

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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