terça-feira, 12 de junho de 2012

Grande explicação

      Sem lógicas, nem retóricas. Apenas o silêncio fazendo estrago na sala barulhenta, brincando com a chuva que faz vento lá fora. Nada restou do beijo que não demos, o gosto escorreu pela minha boca e atravessaram os meus olhos como num tango, numa dança onde o parceiro vai pro outro lado do salão e só a observa bailar. Não me faça um par nessa noite porque quando apostarmos, quem perderá sou eu. A musica não nos ouve, o vinil arranha e o microfone é mudo. Os lençóis são testemunhas que ninguém ocupou aquela cama, que ninguém voou pelo céu do quarto, nem se afogou no oceano de lágrimas que serve de enfeite perto da mesinha. Tenho os truques anotados em cartas desalinhadas e sem resposta. Não as respondo, não existe nada escrito. Só marcas e manchas que mesmo desgastadas, não serão limpas. Provaram a eternidade como uma cicatriz escondida com seda, como uma tatuagem bordada em fios de cabelo.
Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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