Fazer a mesma rota todos os dias tornam a vida das ruas tão monótonas. Escrever no mesmo caderno todas as vezes que morrer, é poesia. Tomar banho no mesmo chuveiro quente é estar em casa. Ouvir musicas do Brad toda noite por uma semana é fanatismo. Beijar a mesma boca todos os dias é sinal de amor. Não sentar pra conversar é pressa. Andar rápido não é correr, nem correr é necessariamente tropeço. Falar pouco é timidez, não falar nada é frustração. Não beijar alguém é rejeição, beijar alguém em cada esquina é ousadia. Não ser nada é comum, ser comum não é ser nada. Jogar com as palavras é ciência, filosofia. Jogar com as pessoas é doentio, não jogar banco imobiliário é não ter infância. Cabelo curto é sexy, cabeça raspada é recomeço.
Nane era vácuo entre as estrelas, entre os dentes que rangiam ela era lágrima. Nane foi saudade por meses, ela o aperto no meio da multidão que não entendia porque e exemplos. O universo paralelo era azul, tinha “Silêncio é inimigo.” na parede e o guarda-roupa branco. Nane o viu, mentiu ao espelho, publicou um livro sobre ama-lo. Ninguém soube, ninguém a viu amar.
Ninguém é digno de sujar o chão que limpou, ninguém se afoga na banheira que mesmo encheu. Não é permitido morrer de amor, quando não há um olhar voltado para o seu enquanto sorri. Proibido por lei pular as janelas que se abriu com o vento, a poeira no móvel só serve pra desenho. O copo d’água não mata a sede, nem a cadeira serve de descanso. O silêncio nunca trai quem o acompanha, ninguém é digno de ilusão. Ninguém é castigado com marcas no corpo por errar, marcas na alma por amar. Nane era pergunta retórica.
Nane era pó de estrela e cansaço.
Hélida Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário