O céu ainda chora, não há lenço nem consolo. Um clarão vem de longe, parece que atingirá alguns lunáticos no caminho antes que caia na minha cabeça e exploda-me de uma vez de fora pra dentro. Arrancando-me os membros, mas arrancando também essa dor cravada nesse peito dolorido. Os trovões são gritos calados, boletins policiais constantes e sem razão. Um grito de socorro pro mundo, uma alerta por salvação, por um fim misericordioso, por uma ultima facada de piedade, enquanto a noite leva uma eternidade no controle remoto de uma TV quebrada. Não passa. Não muda. Não morre, nem liga. Quando os olhos se abrem, já é manhã, há pilhas novas no armário e tempestades de uma noite só nunca estão sozinhas.
Hélida Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário