Já me foram asas, hoje me é espera. Curador de feridas abertas a tanto tempo, mesmo aquelas mais profundas na alma, daquelas em que por mais pontos que levem só mais funda ficam. É como costurar uma alma, nunca se sabe onde começa e onde termina. Supondo que o começo seja o primeiro choro após o fim, o inicio da alma são os olhos. Mas como ser inicío se olhos são portas de uma história de vida a ser cumprida, é como visitar um circo pela primeira vez.
Não pensar nem duas vezes antes de rir do palhaço, mesmo sem ele ainda ter contado uma misera piada. Amar pode ser circo, pode ser parque, por ser trapézio. Tudo que vem e traz tamanha felicidade, gargalhadas, suspiros fartos de querer me faz pareçer piada, porque o que fica quando tudo se vai é dor, como nos circos. Nos encantam de maneira inimaginavél e apenas se vão, a cada lugar visitado trazendo suspiros e dor. Porque não ficar e fazer rir-me toda a vida? Vida é uma piada, porque não seriam os que fazem corações murcharem. Como pétalas espalhadas por dentro, o que antes era flor não serve mais, espinhos me servem como escudos, diante da monstruosidade de seres que não preservam cores, amores ou petalas de flores.
Ser circo por tempo é farto, ao invéz de colecionar sorrisos suspirados em espera, saciar-se com uma moça da platéia que insiste em ir a todos os espetáculos, que faz questão de sentar na frente do palhaço, para que possa ser notada. Disfarçando entre risos froxos a vontade de ter um motivo para parar de ir atrás de quem por tanto te fez sorrir - ir. Pelo menos dessa vez, ser notada entre uma platéia de amadores que procuram gargalhadas fora de si. O que me assusta, é a sensação de pagar por risos.Hélida Carvalho,
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