quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um desabafo barato.

Decididamente abri um caderno em branco, peguei um lápis jogado no meio das minhas coisas sentei-me no chão sujo de tinta e comecei a rabiscar frases que no instante não faziam o minimo nexo. Minutos antes eu estava tentando ser uma nova pessoa, quem sabe os pedidos que fiz fossem realizados se eu pichasse novas frases no meu quarto, talvez se eu me arriscasse a conhecer outras pessoas, e por ultimo e mais perigoso, quem sabe se eu fosse feliz por alguns minutos tudo acontecesse. Não acho que foi uma tentavia vã de ser mudança, por sinal as frases que rabisquei me tem um significado que não pode ser descrito, outros olhos podem ver como sinal de fraqueza ou dissipação de momento, mas comigo não é bem assim.
Sempre fui dessas meninas que não se encaixavam em nada com ninguém. Ultimamente nada me tem sido bom, não sei tocar guitarra, não sei desenhar, muito menos cantar. Sou uma negação dançando, sou desajeitada. Meu quarto é uma bagunça só, meus pensamentos nem comentarei. Não sou boa em amar, considerando o fato de nunca ter me apaixonado. Não sei ser amavél com pessoas, nunca tive milhares de amigos. Sou péssima em falar em publico, não sei atuar. Nunca menti nem pra minha mãe sem ao menos ter um tacardia. Nos meus tempos de escola era popular, mas considero que tenha sido pelo meus esforço por estudos. Sempre fui dessas que me concentrava no que eu era boa, e no dia em que me despedi do colegial fiquei tão perdida. Como se encontrar se não me perdi? Como me perder se ainda não me encontrei?
Será que a vida é isso? Você se perde por metade dela e a outra metade você tenta se achar? Será que amar é isso? Sofrer decadas a procura de alguém real e quando encontrado esse alguém, o sentimento se transforma em sofrer? Será que ser sozinho é assim? Não procurar por ninguém, quando tudo que queres é ser preenchido. De alguma maneira reza para que algo apareca e te faça querer viver, morrer de amor, renascer com esperança de morrer mais uma vez. Será que vida é só isso? Digo, não que seja uma coisa ruim. Mas sempre achei que entre um acontecimento e outro pudesse brotar felicidade. As coisas que vivenciei no pouco tempo em que vivo, me despertaram lembranças das quais jamais esquecerei. Como o meu primeiro e desajeitado beijo, como a primeira vez em que fui pra praia; ver o mar naquele instante me fez sentir tão grandiosa, a primeira vez em que chorei por alguém; no momento me deu uma tristeza tão passageira, bons tempos. Como a primeira vez que contei meus segredos a alguém, como a primeira briga com meus pais em busca de respeito e talvez reconhecimento por ter crescido tão rápido. Como a primeira vez que levei um fora, mas que me trouxe risada infinitas. Como a primeira vez que andei de avião, ver o céu daquela maneira nunca me saiu do pensamento, fico boba de lembrar o que pensei, foi tão sorrateiro, só um "Deus, pode me ouvir?" Como a primeira vez que viajei sozinha com meus amigos, a primeira vez que senti meu coração se esvair, como a primeira vez que o meu melhor amigo me disse "ei, vou te amar pra sempre." Como a primeira vez eu senti que nunca amei ninguém tanto na minha vida a ponto de desejar morrer junto. Como a primeira vez que fiquei sozinha em casa, a primeira vez que quebrei todo o meu quarto para que quando reconstruisse eu fosse uma nova pessoa. A primeira vez que andei de táxi sozinha, a primeira vez que amei um garoto só pela cor dos olhos, a primeira vez em que cai e ninguém estava lá pra me segurar. A primeira vez que andei de bicicleta, a primeira vez que tirei dez, a primeira vez em que beijei alguém que me fez suspirar toda a noite, a primeira em que me olhei no espelho e tive orgulho de quem eu sou. Como a primeira fez que uma musica me definiu em cada nota e verso. Como a primeira vez que notei que estava sozinha na multidão. Como a primeira vez que me apaixonei por alguém de outro estado, como a primeira vez que dediquei meus textos, como a primeira vez que alguém cantou pra mim na escada, como a primeira vez que alguém me disse que eu sou uma pessoa que vale a pena ter na vida, como a primeira vez que eu senti que tinha um anjo me observando, como a primeira vez que acordei depois que o meu melhor amigo morreu, como a primeira vez que prometi que seria feliz e andaria de cabeça erguida independente das palavras que me jogassem na cara. Como a primeira vez que a minha prima descreveu dos pés a cabeça, pensamentos e ações em só uma noite sem que ao menos eu tivera dito uma unica palavra. Como a primeira vez que andei de trem, a primeira vez que sinto que estou me apaixonando pelo impossivel.A primeira vez em que disse pra mim, que eu me amo do jeito que eu sou. Quero conquistar o mundo e isso não é novidade, mas só quero estar livre de sentimentos ruins, quem me levam a loucura. Quero ser com orgulho o que sou. Não mudar, não me mudar, não ir. Ficar! Conquistar, lutar por quem ou o que. Ser dona do que falo, do que sou, do que serei.

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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