sábado, 31 de março de 2012

Não sei onde pertenço. Não sei, não sei.

Um bilhete amassado, perto de um tênis de cadarço folgado, do lado de um monte de nada.

O céu chorava naquela madrugada, o vento surrava a porta com a força de ventanias, a terra deformava-se a ponto de causar quedas e danos, a água pedia ajoelhada a beira da janela que eu a deixasse entrar. Eu só ouvia, não movia um músculo se quer. Estava paralisada na cama, estava sem querer estar. A tua voz me sucumbia como um empurrão, o teu grave me atingiu, as tuas palavras me fizeram escrava mesmo que tenham sido escritas por dedos apaixonadas ou vividos na vida em desilusão, da qual me identifico até os fios de cabelo. As lágrimas que derramo nessa noite são pelo desapego que nos tem, são pelas chances que não poderão ser tomadas como devem. As lágrimas que me prendem essa noite são pelos beijos que nunca daremos, ou pelo som da tua risada, ou pelo cheiro que exala de você. As lágrimas que me espancam essa noite são pelo descaso que nos tem, pela chance do 'nunca' estar presente nos nossos 'sempres'.

Então ouve amor, quem sabe digo com as palavras juntas pela primeira vez que Eu amo você, mas as outras declarações incrustadas nessas letras vieram dos dias em que rimos sem parar por horas seguidas, dos meus consecutivos dias ruins que você alegrou, mesmo com o tempo contra nós você tem me feito tão feliz amor, teu riso incontido me faz tremer. Teus bons versos me fazem transpirar, me fazem sentir coisas que desconhecia até pouco tempo. Teus ventos me trouxeram vontade de amar, meus ventos te levaram saudade com apelido de amor na mala. As pessoas riram de mim hoje, eu disse que tenho como amor quem eu nunca vi. Nunca senti, nunca toquei. Riram de mim. Por dentro, o meu coração ria com você. Riamos delas.

Mal sabem que toda noite dormimos juntos, com pensamentos enrolados numa só cama, em um só lençol o dia nos faz crescer, a noite nos enche e nos dá o fardo para o dia seguinte. Não sei ser breve amor, te escrevi mil caracteres pra assumir que eu amo você. Repito: Eu amo você. Com as dores de não ouvir um "eu também" ou seja lá qual for a tua desculpa sincera. Mentiras incertezas, não sei onde pertenço essa noite. Essa madrugada me trouxe a revelação de um amor desacreditado, da fumaça dissipada. Não sei, não sei.

Dorme bem, sinto muito.
Eu ainda amo você.
Sinto muito.
Hélida Carvalho.

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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