domingo, 1 de abril de 2012

Chamei alto, minha garganta arranhava a cada grito frustrado por ajuda. Os meus pulmões estavam apertados, pedindo pra sair do peito pela boca. O sangue quente correndo pelo meu corpo me fazia gritar mais alto a cada passo, eu corri toda a rua a procura de uma resposta. Corri pelo quarteirão, a madrugada estava sonora, o silêncio ensurdecedor deixava mais notável esse sofrimento aparente. As respostas pelas perguntas que fiz ainda não tenho, ainda não as recebi mesmo depois do choro desesperado a beira do asfalto. Os carros passavam, as motos desviavam dos buracos, as placas imóveis, o vento assoviando canções de angustia aos meus ouvidos, as arvores chacoalhavam com tanta força, suas folhas estavam espalhadas pelo chão. Senti um frio na nuca, o resto do meu corpo estava em chamas, eu buscava por ajuda. Os números na minha lista telefônica eram um enfeite de senso comum, as pessoas ao meu redor procuravam um caminho a seguir, algumas correram atrás de mim quando o que eu queria era a companhia pra andar ao lado. Os acenos de longe me fraudavam, os amigos dos tempos de colégio sumiram, os vizinhos que se mudaram não me reconheciam mais. Os caminhos que antes percorri perderam a forma, as casas tem tons mais leves, as pessoas sorriam pra mim das janelas. As músicas que me ouviam nas noites de alegria, hoje me frustram em cada nota descompassada.
Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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