quinta-feira, 3 de maio de 2012

Meu pescoço doeu,


só não doía mais que as minhas pernas. Nunca corri tanto em tão pouco tempo, nunca falei tanto sem dizer uma desprezível palavra. Nunca desejei tanto ser de alguém a ponto de correr numa praça vazia e gritar aos ventos que queria ser de alguém. Ser de quem? Não havia um alvo naquele banco, não havia ninguém na banca do jornal. As filas do banco estavam vazias, nem os funcionários foram naquele dia. Era um dia comum, mas pensando bem, todos os dias em que eu corria pela praça eram comuns. Entrevistei as pessoas da vizinhança, fiz algumas perguntas pra um menino de olho claro, tinha a boca tremula e mal conseguia responder. Ali aconteceu um acidente, ninguém me disse o que aconteceu. Por que? Merecia um fim tão digno quanto um começo menosprezado. Quem era aquela menina no chão? As pernas delas ainda se mexiam, será que ela sonhava? Não me lembro do fim daquele dia, mas esqueci uma parte  importante, esqueci a observação no fim da folha. O dia começou com uma dor no pescoço, terminei jogava numa praça, sem dor alguma. Eu só desejei voar, não sei sentir.

“Eu não sei escrever sobre amor.”
Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

Sobre-quem.

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

Leitores.