quarta-feira, 13 de junho de 2012

Alguém pede ajuda, não há placas nem sinais por perto. Alguém se afoga, não há rios ou boias. Alguém ama, não há corpos nem espíritos. Alguém ouve música, não há fones nem melodia. Alguém corre, não existem pernas ou vencedores. Alguém lê, não há livros nem palavras. Alguém morre, não há céu tão pouco inferno. Alguém chora, não há lenços nem lágrimas. Alguém voa, não existem asas ou liberdade. Alguém chove, não existem tornados nem gotas. Alguém beija, não há bocas por perto. Alguém vive, não há provas.  Alguém canta, não há voz. Alguém observa, não há olhares em volta. Alguém convida, não há convite. Alguém explica, não há atenção nem tarefa. Alguém cai, nem o chão lhe oferece abrigo. Não há alguém, mas há a permissão.
Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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