segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sou você em um conto sobre amor, ou sou aquele menino que passou espiando a minha casa. Será que ele queria encontrar algo de valor aqui? Se encontrasse poderíamos dividir? Será que vale a pena esconder ouro dessa maneira? Nunca soube a quem fazer as perguntas que quero, tenho medo de ouvir as respostas. Eu o deixaria entrar e poderia roubar meu som, a minha tv, mas que me roubasse também. Que me levasse apertada na sacola, assim eu percorria caminhos diferentes, sentiria um ar matando-me em passos. Queria sentir medo de ser roubada e não ter como voltar, ficar presa num quarto escuro, sem nem a luz do olhar de ninguém, nem a luz dos meus olhos. Queria que esse menino me espiasse e encontrasse algo de valor em mim, mas que tivesse os olhos nus, despedidos de ínfimos detalhes, mas não os esses brincos que uso  porque são bijuterias baratas, nem o meu relógio porque parou de marcar o tempo, eu tirei a pilha. Que levasse metade de quem eu quero ser, que me trouxesse um punhado do que restou e naquele resto eu me encontraria.
Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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