sábado, 4 de agosto de 2012

jogada, jogada, jogada
sem cartas na manga
só abandonada, sem roupas, sem peito
sem pernas, sem dó, nem ré, nem mi
sem melodia pra acompanhar a denegração
de quem amou por hobbie
jogada como se o vento não valesse nada
como se o mundo podasse essas asas
e as pernas não servissem de nada
jogada sem dados caros
sem batom vermelho, sem vestido de alça
só jogada, enfeitando a passarela da miséria
e sendo mais uma, mais uma, mais uma
mais uma ninguém, quebrada, jogada
sem cola, nem dó, nem piedade, nem pedaços
só jogada num buraco, buracos que incomodam
buracos no dente, no peito, na parede
jogada sem joelhos ralados, nem migalhas pra
marcar o caminho de volta
jogada como se na próxima carta
uma cópia minha ocuparia aquele buraco
jogada como mais uma
das outras que só foram mais umas...

Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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