sábado, 25 de agosto de 2012

Wanderlust. 1


Ela era Hélida nas horas vagas. E Hell todo o tempo.

Sede por viagens e dois caninos enormes guardados em alguma parte da sua boca. E ia pra Rússia sem tirar o pé do chão. Era trecho de rock em algum lugar do rosto. Caneta sem tinta no céu azul e a mão tremendo por causa do frio da manhã. Mas e depois? Pra onde ela iria? E depois desse segundo? E o seguinte? Onde caberia no seu armário espaço pra tanto vento?

Um momento. Em um momento você veria o que eu vi. Nada mais.

Dia 22 de junho de 1967

Ela acaba de perder seu território. Num movimento você veria o inimigo. O reflexo diz que sim. Olhos dizem que não. Hélida não entenderia se não vivesse no seu mundo pequeno onde as palavras dizem mais que os significados. E nada tinha significado. E depois e depois e depois. O que viria, o que mais viria? O que te aguarda quando você abre a porta, pra onde vai a esperança de que nada morre no instante da queda? Pra onde se vai, o que se esvai quando você dá adeus? Por que a subida é mais dolorosa que a descida? E por que a psicologia não nos dá um jeito de controlar a dor?

Indomável. Cada gota de sangue que carregava em seu pouco era nada menos que uma facada em seu estômago. Trocentas. Facadas. Em seu. Estômago. Você não entenderia - uma vez ela escreveu em seu diário -, você não entenderia de longe. E muito menos de perto. Nem que você desaprendesse tudo pra assimilar tudo de novo. Você não entenderia. Diria que sim. Diria que sim e correria pra última opção; ficar calado. Mas dizer aqui não significa nada, eu mesma sinto as estrelas caindo sem dar um pio.

Indomável era seu nome que diz mais do que qualquer um gesto. Hell. O inferno era nada comparado com os seus milhões de sentimentos borbulhando dentro. Ploc, ploc. O inferno era algo agradável comparado com a sua ânsia de drama. E quente, mais quente que seu abraço seria seu hálito de febre de quarenta graus. Paradoxo é só o ponto de partida, amigos. E o destino final ninguém sabe.

A menos que você tenha visto o que vi.


                                                                 Amanda Lua;
e você querendo ser atriz quando era a peça inteira.

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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