sábado, 25 de agosto de 2012

Wanderlust. 3


Às vezes ela se deitava na rua, no calçada. Queria ser chão. E que ninguém ousasse arrancar dela nada. Ela queria ser chão pra ver o céu em trezentos e sessenta graus. A portinha de cachorro fazia um barulho, como que o vento estivesse indo e voltando. Mas a única vez que algo foi e voltou mais vezes que ela, as paredes racharam. Terremoto ou insuficiência? Calor ou vergonha? Insônia ou medo? Às vezes ela era wanderlust ou então um animal de cativeiro que vive arranhando os móveis de raiva. Às vezes ela era às vezes e no resto era codinome. Sobre o rosto coberto por duas ou três tragadas de cigarro e uma lágrima caía. Diga adeus a ele por mim, por favor. Não, não diga; ele está melhor sem mim. Não vou deixar pra lá, caralho. Tudo bem, me deixe ir. Wanderlust e a língua trava no éli. Éli de louca, de louça quebrada. Éli de Hélida. Duas da manhã e ela vê o celular. Nenhuma mensagem. Então Hell senta na sua poltrona e começa a contar histórias. Era uma vez que, num passado distante houve um, em vazio escutei um som de. E viveram infelizes para sempre. Hélida quando era gelo sorria e dizia que o seu sempre era até quando durar.

E nós sabíamos que nunca duraria.

Um prato na cozinha cai ou era o seu próprio corpo. O bilhete na mesinha do abajur dizia que ela voltaria antes das seis. Já era oito horas e nada. A noite, que depois de um tempo virava gente, decidiu abraçar Hell. Por um instante soubemos o que é tempestade. E que logo após haveria um fim. Mesmo que fim significasse alguma fotografia rasgada.

Amanda Lua;
Does this deafening silence mean nothing to no one but me?

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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