terça-feira, 11 de setembro de 2012

a luz morreu, ninguém a ressuscitou, só trocaram

- Se atravessar a porta, não serei mais seu.  - Gritei.
Segurei com força suficiente pra fazer um batalhão ficar, segurei a tua mão e teus olhos me renunciavam, me jogavam na rua imunda ou no canto do sofá. Lá ficou o controle e também metade do que sangrou. Ficou a ingratidão, o suor da nossa nudez e o lençol verde. Sobrou a vontade de te amar, sobrou o desprezo que você me deu embalado em presente de natal.
- Você nunca foi.
Algo nos destruiu. Dei apelido a cada dia da semana, dei nome a cada pessoa que me olhava estranho, dei dinheiro ao cego e disse que eu era mudo. Eu nunca quis ser ninguém tão desinteressante quanto qualquer um. Mas se você cuida, merece ser cuidado, merece um cômodo da casa só pra você e uma cadeira com o seu nome atrás. Merece uma explicação e um adeus. As vezes o jeito que alguém te olha diz mais que o livro que te escrevem ou as poesias que te recitam. Vale mais do que as musicas que te cantam, ou os apelidos que te chamam. Vale mais que o beijo seco, que o aperto na cintura. Vale mais que a declaração morta. 

Estar a beira do precipício também é amar, mesmo quando é novembro.
Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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