Onde eu estou? Me perdi naquela rua. Posso dormir aqui? É só uma noite, prometo não incomodar. Posso beber um copo d’agua? Minha boca está seca e eu preciso de algo. Minhas mãos estão tremulas? Ah, é só fome. Se importa se eu jantar aqui? Pode ser a luz de velas, amor. Economiza energia. Porque te chamei de amor? Não sei, algumas coisas só saem da minha boca, nem tudo posso controlar.
Não gosto desse filme de terror, vamos assistir um de romance? Eu gosto de pipoca. Posso sentar do seu lado no sofá? Esse espaço ao seu redor me chama a atenção, aquele lugar é meu, você ainda não sabia. Você andou lendo o que escrevo? Sim? Ah, não são pra você. É pra alguém que me tira o fôlego, que me faz perder a memória quando entro na rua de sua casa, escrevo pra alguém que me faz tremer o corpo inteiro por nervoso. Escrevo pra aquele cara, aquele mesmo. Aquele que você não conhece, se quer o conhecer, vai alí. Se olha no espelho e sorri.
Eu escrevo pra quem me deixa como convidada na sua casa, quando eu moro no quarto de cima. Eu escrevo pra quem lê todas as noites aqueles bilhetes, talvez sejam pra você. Posso dormir aqui? Eu prometo não me declarar enquanto você pergunta “Tudo bem?”
Hélida Carvalho
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