segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O dia de um outro Eu.

Fatos irrelevantes: Meu cabelo cheira a cigarro. Nunca tive orgasmos.

Soou estranho da boca pra fora, mas dentro da minha cabeça fazia o maior sentido. Talvez tudo se propague de uma maneira estupenda dentro de um cérebro que cabe numa mão, ainda mais o meu QI que beira 140. Penso muito, falo menos ainda. Resolvo Física sem calculadora, escrevo errado, fumo dentro no banheiro e tenho medo de amar. Essas são as qualidades que sempre pensei que tinha - pensar compromete. Corro quarteirões com um fone só no ouvido, a boca amargando e Noel me fazendo abrir os olhos pra toda manhã calma que avisto. Entro em esquinas tortas, becos escuros e ninguém me surpreende, nem um tapa me é dado, tão pouco oferecido. Então caio no descontentamento, beiro o banco vazio duma rua vazia, com um coração vazio e o bolso cheio de cigarro. Ninguém avista o eu parado, o eu morrendo, o eu fumante, o eu que espera, o eu que transa, que geme, que goza, o eu que corre nem o eu que quer amar. Só avistam de longe o eu que fuma, o eu que chora, o eu que finge, morre, come, o eu que reclama e o eu que não sei ser mais ninguém. Me entrego, jogo as cartas na mesa, o dinheiro no chão e morro na calma da cama sem lençol, sem friagem e sem sonhos. Se nada fez sentido até aqui, não terá sentido daqui em diante.
Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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