quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Depois do encontro, os olhares se chocaram, ambos em tempestade mutua, a voracidade com que se encaravam despertavam turbilhões de desejos infindos em presença do outro.

Sem piedade, algo os atingiu, os destruiu. Sem o mínimo pesar na consciência, pelas marcas do rosto dela esvaiu-se todo o amor, a essência dissipou-se em suspiros que se alternaram a prantos. Daqueles em se podia ver a escassez de paz, que antes se encontrava cravada em alma. Só restou a ausência do teu ser, do nosso abrangente querer. Com a cabeça no meu ombro recitou-se canções em forma de poemas, cessou-se então toda a vermelhidão do olhar que buscava pelo teu beijo. Estendi meus olhos, foram de encontro com a escuridão que me assolava, trazendo assim o alivio imediato ao rosto que em mim descansava, senti sua respiração ofegante e balbuciando antigos devaneios - ignorei-o.
 
Cobri-me de imensidão, mesmo que tua luz tenha se apagado, aqui dentro cada passo sem o teu ao lado é tortura.
                                                                                                      Hélida Carvalho em "Cartas para Abel."

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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