Como tudo que passa por nós como um vulto, como uma sombra que nos segue sem pedir a mão, como os cabelos que se despedem ao cair nos olhos, como o cílio que não pede permissão e vira desejo. Tudo o que sobrou de nós foi o despercebido, o resto de ilusão que nos ocupou por meses antes de preenchermos o tumulo e nos enterramos em verdade. Somos agora o instante, a placa STOP antes do abismo, o prendedor de cabelo, o cortador de unha, o bocal da caneta. Somos a segurança de fazer as coisas que não existem ficarem. Ficarem por medo de ir embora. Ficar, porque ir embora não tem mais valor. Ir embora, porque me afogo nas dores que foram um oceano no travesseiro e mesmo assim ninguém me ouve. Choro nos pontos mais altos da cidade e ninguém faz coro, ninguém pede silêncio, ninguém me viu passar. Ninguém pediu a mão, o colo, o silêncio e o ficar. Ser tão invisível não era problema, amor. Até que você morreu e agora não sei que direção tomar ou em que abismo me jogar. Vivo dias que se emendam em meses, se entrelaçam em anos e ninguém me afaga os cabelos, ninguém é seguro a ponto de me fazer ficar. Amor, tudo ao meu redor é ilusão.
Hélida Carvalho
Moça, poderia me passar o seu html por favor? Achei-o lindo. E é extremamente encantador aqui. Estou encantada, meus parabéns.
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