segunda-feira, 9 de abril de 2012

13de julho, 11:30am

Lhe dei um beijo na testa, ela desviou e por erro de proporções beijei-a no canto da boca.
- Por que insiste em ser tão minha?
Ela não respondeu com palavras, mas os seus olhos a denunciaram.

Não entendi porque ela desviou, eu só queria um adeus comum. Não queria choro, nem lastima. Só queria dar as costas e ter a certeza que pouca coisa ficaria pra trás. Será que ela temia por um ultimo beijo? Continuei sem entender. A fitei nos olhos, senti milhares de coisas passando por sua cabeça, uma nuvem negra de pensamentos a acompanhava na passada em falso no degrau de cima. Seu rosto imóvel, mas temia por uma tempestade dentro dela. Não tinha o que fazer, só a admirei. Era linda, sua boca tremia e eu ainda não entendia. Eu não disse uma palavra de má fé, Deus me castigue se disse, porque não tive a intenção.

Por fim, seus olhos contaram-me os segredos. A resposta que eu procurava não era aquela, mas me serviu como explicação. Dei as costas, não dei adeus.

Já passava da meia noite, não vi o tempo passar.

Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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