terça-feira, 18 de setembro de 2012

Nossas sombras dançavam, eu não percebi. Olhava pra cima como esperasse que algo caísse nos teus braços e nos fizesse voar, não pelas asas, nem pelo vento forte, mas pela alma leve e o pé descalço. O sol nos cegou, nos empurrou e nos jogou fora a esperança. Era o silêncio que não viria da tua voz, era o caminho de areia quente e a ilusão que cegou quem chegou perto do nosso reflexo. O susto de ser somente nós três perto daquela cerca e o céu nos acendendo, se misturando com os flashes. A beleza da estatua na rua vazia, a noite sem espaço pra mais estrelas, as risadas que demos por dentro e a música que escutávamos a fotografia não pegou. A foto mostrou nossos cabelos assanhados, os dentes amarelados e o sutiã aparecendo. Não mostrou quem éramos naquele pedaço de nada, não ficou no preto e branco que o que sentíamos é amor, mesmo não sabendo amar. Ríamos, nossa gargalhada foi música pra quem passava perto da janela. Tua sombra fez sombra naquele céu, nós nem percebemos.
Hélida Carvalho

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Trecho de "Eu, delírio."

"Sendo despertado por amantes que batem na porta às 5:50h da manhã e esperam ser atendidos com um belo sorriso, e um exalo leve do cheiro que carrego. Devo avisa-los que veneno tem gosto doce, e é um delírio em fim de tarde. Não acostume-se com o sabor, se não vai beber dessa água por muito tempo."

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Escrevo porque não posso sair gritando nas ruas, ou talvez escrevo porque ainda não tenho o que falar. Hélida Carvalho, inspirada na musica que me ouve.

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